Historia Chama Rosa
Escrito por: Diane Coautoria:Renan Slg |
"13 de outubro de 1964
Ramenon: Mãe, posso pegar o restante do dinheiro da passagem de trem e comprar balas?
Ester (com voz firme): Não!
Ramenon: Já lhe disse que este dinheiro é para seu lanche na escola, nada de doces!! Ouviu?!?
Ramenon: Sim, entendi.
Ester: Agora corre!! Se não vai se atrasar para a escola. (Antes dele sair, sua mãe lhe dá um beijo na testa de despedida.) Parecia um dia comum como os outros, mas algo não estava como era de costume; um abalo de terra havia sido sentido em toda a região próxima à estação. Na casa de Ramenon, o telefone toca.
29 de setembro de 1956, noites e dias a fio, a estação nascia, cada pedra uma vida construída (destruída)... Ester e Armando se conheciam desde o ginásio. Não era de se esperar que, logo após terminarem os estudos, desse namoro viesse o casamento tão aguardado. Dois anos depois, Ramenon viria ao mundo com 1kg e 700 gramas, nascido de parto natural. Seis anos depois se passaram...
Ester corre para a cozinha, atende e tira-o do gancho. Ao atender, recebe a pior notícia de sua vida: Armando, seu marido, havia morrido na estação de trem na construção de mais um trecho para dar mais uma linha de trem para a outra parte sul da cidade. Com isso, as obras foram paralisadas naquele trecho. Ester, consternada com toda essa situação, esperou Ramenon chegar da escola. Senta-se com ele e dá a notícia:
Ester: Sinta-se, Ramenon, precisamos conversar.
Ramenon: O que houve, mamãe?
Ester (já em prantos, tentando conter as lágrimas): Filho, é que o... Oh Deus, me dê forças para dizer. (Diz ela com voz rouca, embargada)
Ramenon: Fale, mamãe! Está me assustando.
Ester: Deixe-me respirar só um pouco... Logo em seguida, ela consegue dizer.
Ester: Seja forte, Ramenon. Seu pai faleceu hoje, trabalhando para escavar mais um trecho da estação de trem.
Ramenon: Não, mamãe! O papai não! O papai não! Ele não pode... Ele não... (e chora, amparado por sua mãe...) Dias se passam, logo o aniversário de Ramenon chegou. Para animá-lo, sua mãe trouxe a sua professora de português e seu filho para participarem da festa. Inicialmente, Ramenon não esboçou nem um sorriso ou qualquer reação, mas logo quando Amalia, sua professora, lhe deu seu presente e ele o abriu, esboçou um sorriso tímido e passageiro em seus lábios. Era um livro Mobedick. Ele segurou o livro, o acariciou com as pontas de seus dedos perto de sua face, e o cheirou, fechando seus olhos e saboreando o doce cheiro ocre do livro em suas mãos, sentindo-se com um tesouro atrelado a si. Logo, vinha Thiago com uma folha de papel enorme para desenhar Ramenon.
Thiago: Ramenon, escolha uma pose para eu lhe retratar, fique parado para eu captar os seus traços e a paisagem ao seu redor.
Ramenon fez exatamente o que lhe fora pedido por Thiago."
Ele começou a retratar Ramenon e o que estava ao seu redor. À sua direita estava sua mãe e à esquerda sua professora. À sua frente, uma mesa e o livro que havia ganhado... Foi formando um desenho realista cheio de cores e vida enquanto Thiago ia pintando o desenho, um arrepio percorreu os corpos de Ramenon, Amalia e Ester, algo gelado e profundo. O dia estava fresco e calmo.
Conforme o tempo passava, Ramenon ia crescendo e a cada dia uma grande admiração crescia por sua professora Amalia. Desde os seus 7 anos, quando começou a ser alfabetizado, esse enorme apreço surgiu pela forma como Amalia ensinava e como ela andava, passava um amor e sabedoria tão arrebatadora que impactou profundamente sua vida.
Quando ela passava seu conhecimento, ele não só ouvia, ele absorvia suas palavras e as fazia sua bússola e norte. O tempo passou...
20 de Julho de 1985. Ramenon, como sempre de costume, ainda estava dormindo, esperando o despertador tocar... Ele toca e Ramenon levanta-se, toma um banho rápido e prepara o café para si e para sua mãe... Depois sai e vai à casa de sua professora escrever sua biografia acadêmica. Ramenon corre para a estação de trem, mas ele já estava atrasado e resolveu pegar um atalho pelo lado sul da estação de trem, onde seu pai havia morrido anos atrás. Ele não gostava de passar por lá; evitava, algo o repelia de estar naquele local, mas menos hoje...
Uma sensação forte o chamava para lá. Ele corre e um forte aperto no seu peito o atinge... Ele se curva e quase cai para frente, luta para permanecer de pé. Ramenon pensa: 'Preciso ficar de pé. Faz 2 anos que tento convencer a senhora Amalia, minha mestra, minha inspiração de vida, a contar sua trajetória. E logo hoje sinto que vou morrer. Não! Hoje não!' Ele se endireita buscando ficar o mais ereto possível e tenta correr, mas ao correr algo o hipnotiza: uma luz rosa de brilho sem igual o atrai ao vagão abandonado onde seu pai havia morrido. Mas ao se aproximar mais, ele ia sentindo a presença de Amalia, uma presença tão real e vivida que ele acreditava ser alucinação. Cada passo, uma mistura de medo e paz tomava conta dele. Ao chegar e adentrar mais o vagão, avistou um lampião flutuando e as chamas incandescentes flutuando sem tocar a base do lampião. As chamas flutuavam como se estivessem dançando no ar, envoltas pelo lampião. Ao observar isso, um sentimento caloroso e acolhedor o tomou por completo. Ele sentiu-se na presença de sua professora. Sua cabeça girava, uma dor e um torpor o invadia, seu corpo oscilava para um lado e para o outro, para frente e para trás, ele parecia um pêndulo humano. Essa tontura fez ele sentir náuseas. Ao fechar os olhos e tentar expelir o que tinha comido no café da manhã, sentiu que estava desintegrando, tudo ficou escuro...
Ramenon - Ai, minha cabeça. Que gosto é esse em minha boca? Onde eu estou? Com sua cabeça ainda zonza e com seu maxilar ainda dormente, ele tenta articular as palavras e se localizar onde ele pode estar. Um barulho o incomoda, ele abre os olhos, vê tudo turvo e ouve uma voz familiar; era a voz de sua mãe.
Ester - Filho, você está bem? Filho, o que aconteceu? Como você veio para aqui? Filho, quem fez isso com você?
Ramenon só ouvia e nada podia dizer, um estado de lucidez misturado a uma sensação de embriaguez o invadia por completo. Sua cabeça se tornou ainda mais pesada e ele adormeceu. Enfermeiras para vê-lo, algo não estava bem, do nada seus sinais vitais caíram vertiginosamente. Ester quis entrar, mas não permitiram.
Ester - Não, meu Deus, não me deixe perder ele. Senhor, ele não!
Soluça entre lágrimas e gritos.
Ester - Salvem o meu filho! Salvem ele por favor! Não deixem ele morrer!!
Os médicos se reuniram, algo não estava certo, depois de tentarem vários procedimentos. Percebem que estão lidando com algo que eles desconhecem. Chamam todos os médicos e mandam fechar o hospital que está lá dentro. Não sai e o que estiver fora não entra. Doutor Reite percebeu uma anomalia e com medo de ser epidemiológico, mandou isolar todo o hospital e as pessoas que ali se encontravam. Um clima de pânico tomou o local. Ester pergunta aos médicos:
Ester - Como está o filho?
E eles só respondem: 'Ainda estamos tentando controlar o quadro do seu filho. Tente se acalmar no momento. É tudo que se pode ser feito.'
Ele sente que algo está acontecendo, parece que ele está entrando em uma espécie de transe. Sua mãe entra em choque e desesperada sai do quarto e chama as enfermeiras para vê-lo, algo não estava bem, do nada seus sinais vitais caíram vertiginosamente. Ester quis entrar, mas não permitiram.
Ester - Não, meu Deus, não me deixe perder ele. Senhor, ele não!
Soluça entre lágrimas e gritos.
Ester - Salvem o meu filho! Salvem ele por favor! Não deixem ele morrer!!
Os médicos se reuniram, algo não estava certo, depois de tentarem vários procedimentos. Percebem que estão lidando com algo que eles desconhecem. Chamam todos os médicos e mandam fechar o hospital que está lá dentro. Não sai e o que estiver fora não entra. Doutor Reite percebeu uma anomalia e com medo de ser epidemiológico, mandou isolar todo o hospital e as pessoas que ali se encontravam. Um clima de pânico tomou o local. Ester pergunta aos médicos:
Ester - Como está o filho?
E eles só respondem: 'Ainda estamos tentando controlar o quadro do seu filho. Tente se acalmar no momento. É tudo que se pode ser feito.
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